domingo, 7 de setembro de 2008

Reciclagem de lixo ainda é tímida em Salvador



Carolina Mendonça, do A TARDE On Line
Haroldo Abrantes / Agência A Tarde

01/06/2008 às 22:37


O que acontece com o lixo que produzimos em casa? A maioria de nós prefere pensar que basta colocar o saquinho plástico para fora da porta e, como num passe de mágica, algum tempo depois o pacote desaparece. A despeito da confortável ilusão, porém, o caminho percorrido pelos resíduos que produzimos em casa não é tão simples. O destino do lixo doméstico é uma das questões que mais preocupam os ambientalistas atualmente. Depois que sai das casas, a deposição nos aterros sanitários cada vez mais sobrecarregados das grandes cidades levanta a questão sobre a responsabilidade de cada cidadão com o problema. Entre os especialistas, a principal solução para a questão está bem clara: reciclagem.

Em Salvador, ainda são tímidas as iniciativas de reaproveitamento do lixo produzido nas casas. Aqui, os resíduos domésticos encontram principalmente dois destinos: acumular-se nos aterros sanitários que servem à capital ou ser depositado diretamente no meio ambiente, contribuindo para a poluição da cidade, além de problemas como entupimento de canais e bocas-de-lobo. Mas iniciativas individuais como a de Dona Annette e Seu Manoel já apontam numa terceira direção, que deveria ser seguida por todos.

O hábito de separar o lixo doméstico é praticado por Annette Bernardes Costa, 72 e Manoel Pereira Costa, 75, há mais de 30 anos. Ainda não se falava em consciência ambiental quando a nutricionista e o contador aposentados já doavam jornais, latas, potes e garrafas de vidro para particulares e instituições preocupadas com o reaproveitamento econômico do material.

Em 2000, eles passaram a depositar o lixo que pode ser reaproveitado – metal, papéis, vidro e plásticos – nos Pontos de Entrega Voluntária (PEV) do bairro onde moram, o Canela. “As pessoas pensam que é muito trabalhoso, mas não é. Devemos fazer a nossa parte para não piorar a situação”, ensina Manoel Pereira da Costa.

Tão importante quanto a ação é a consciência ambiental do casal. Dona Annete leva tão a sério seu compromisso que não se importa de parecer mal educada quando convidada para um chá de bebê. “Não presenteio com fraldas descartáveis, pois não serei cúmplice do despejo de um material que leva mais de 600 anos para se decompor”, enfatiza. Além de separar o material, os dois ainda aprenderam a fazer arte com os resíduos domésticos. Da transformação do lixo surgem brinquedos e objetos de decoração, mostrando que é possível extrair beleza daquilo que é considerado sujo e feio.

A bióloga e mestre em desenvolvimento sustentável Caroline Todt defende que é papel de cada um mudar hábitos a partir de uma reflexão sobre o consumo. Ela explica que é necessário resistir aos apelos comerciais e pensar em não comprar além do que realmente é necessário. A preocupação começa na escolha de itens que não “carreguem” o peso da destruição ambiental, como aqueles embalados com isopor ou outros materiais de difícil degradação. “O princípio da responsabilidade deve ser trabalhado em todos os atos do cotidiano”, frisa.

Todt explica que a mudança do comportamento social vai contribuir para a melhoria da situação dos aterros sanitários, única opção de descarte de resíduos em Salvador. “Estes espaços, que podem funcionar apenas por 20 anos em média, não estão comportando a quantidade de lixo depositada”, alerta. Atualmente, Salvador conta com dois aterros sanitários. O Aterro Metropolitano Centro, compartilhado com os municípios de Simões Filho e Lauro de Freitas, recebe os lixo doméstico e o de Canabrava, onde são depositados podas de árvores e entulho.

sábado, 2 de agosto de 2008

sábado, 5 de julho de 2008

RECICLAR VEM DEPOIS


Depois de ler essa matéria publicada em 1998, pelo jornal A Notícia, do Estado de Santa Catarina onde a bióloga Patrícia Blauth desmistifica a importância da reciclagem, tenho certeza que você fará uma análise sobre a sua prática ambiental em relação ao seu lixo produzido diariamente.



Resistir não é fácil. As facilidades do descartável e a tentação do consumo acabam incentivando um desperdício em escala alarmante
Reduzir, reutilizar, reciclar. Os princípios básicos para a minimização do lixo produzido nos meios urbanos começaram a ser difundidos no Brasil após a conferência mundial sobre meio ambiente realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Rio de Janeiro, em 1992. Ao contrário do que pode parecer, a mera utilização de materiais recicláveis não é uma "atitude ecológica" - uma embalagem de biscoitos, por exemplo, só é realmente reciclável se for encaminhada para a coleta seletiva e se houver tecnologia disponível para fazer o processamento. Por isso, a solução para o lixo urbano passa pelo princípio dos três Rs: reduzir o consumo e o desperdício, reutilizar os materiais e, por fim, reciclar.
Evitar a produção do lixo é mais ecológico do que reciclá-lo. A analogia é da bióloga Patricia Blauth, educadora ambiental do programa USP Recicla - que desenvolve atividades na área em diversos setores da Universidade de São Paulo (USP). "O programa questiona a apologia da reciclagem como solução para os males do consumismo contemporâneo", detalha Patricia. "Esse processo, quando desvinculado das noções de redução e de reutilização, pode servir para legitimar o desperdício", acrescenta.
Com o advento das embalagens descartáveis, como garrafas de refrigerante feitas com PET ou cervejas one-way, o consumo desse tipo de material passou a ser associado à praticidade e à higiene. Entretanto, países como a Inglaterra e a Dinamarca, além de outros ao Norte da Europa, voltam a adotar os recipientes retornáveis. "No Brasil as embalagens retornáveis sumiram das prateleiras dos supermercados. Os plásticos em geral costumam encalhar na reciclagem", afirma a educadora ambiental. Isso se deve principalmente à dificuldade na separação dos diversos tipos de plástico, o que dificulta que uma garrafa seja reciclada e se torne novamente uma garrafa. "A produção de novas garrafas continua dependendo da exploração de matéria-prima virgem", alerta. "Se podemos chamar alguma embalagem de 'ecológica', é a garrafa retornável, que pode ser usada várias vezes."
Patricia Blauth critica também o "terrorismo sanitário" dos dias atuais, que considera mais higiênico tudo que é descartável. "Essa idéia é falsa", enfatiza. No início da implantação do USP Recicla, em 1994, concluiu-se que em alguns setores cada funcionário ou aluno utilizava dez copinhos descartáveis por dia. A substituição por canecas, copos e xícaras duráveis resultou na redução do consumo e, conseqüentemente, na diminuição do lixo produzido. Mudanças de hábito como essa provocaram uma queda estimada em 50% na produção total de lixo só no campus de São Paulo.
Site :
http://www1.an.com.br/recicle/3rec.htm